Sabe aquele tipo de dorama que você começa a ver sem grandes expectativas e, de repente, percebe que está completamente envolvido, sorrindo à toa e torcendo pelos personagens como se fossem seus amigos? Foi exatamente o que aconteceu comigo com 'Românticos Anônimos'.
O novo lançamento da Netflix chegou à plataforma há menos de uma semana e eu devorei todos os episódios em uma maratona sem fim. E, sinceramente, não lembro da última vez que uma série me deixou tão leve. Talvez porque, no fundo, ela fala sobre algo que todo mundo entende: o medo de se conectar, de se abrir e ser vulnerável perante os outros.
Mas 'Românticos Anônimos' faz isso de um jeito doce, divertido e absurdamente encantador.
O dorama japonês gira em torno de Hana, interpretada brilhantemente pela atriz coreana Han Hyo-joo, já vista em 'Moving' e 'Happinness', e Sosuke (Shun Oguri), um galã muito conhecido no Japão. Os dois são personagens que parecem feitos um para o outro, justamente por causa de suas imperfeições.
Hana é uma chocolatier brilhante, criativa e misteriosa, mas tem uma fobia que a impede de olhar as pessoas nos olhos. Já Sosuke é o herdeiro de uma empresa de chocolates, mas sofre de germofobia e simplesmente não consegue tocar em ninguém. O combo perfeito para tudo dar errado, né?
Eles se conhecem por acaso e, a partir daí, o destino começa a brincar com os dois. O amor pelo chocolate de ambos se transforma em algo muito maior e marca um ponto de encontro entre duas pessoas quebradas, que aprendem a se curar juntas, pouco a pouco.
O mais bonito é que 'Românticos Anônimos' tem o poder de nos tirar risadas e, ao mesmo tempo, deixar o coração quentinho. A comédia romântica traz uma relação que cresce com cuidado e delicadeza, tal qual a temperagem de um chocolate, e quando você menos espera já está completamente viciado.
Por trás da comédia leve, 'Românticos Anônimos' bebe na fonte de outros sucessos coreanos e fala muito sobre saúde mental. Hana e Sosuke vivem aprisionados por seus traumas, cada um com seus motivos, e o dorama trata isso com uma sensibilidade belíssima.
A série não aposta em exageros, atuações caricatas e nem tentativas de "consertar" os personagens de forma mágica, ou como se tudo dependesse disso. Cada um deles aprende a lidar com as próprias dores no seu tempo, com a ajuda do outro. É impossível não se identificar, mesmo que nossas realidades possam ser outras.
Quem nunca se sentiu travado em alguma relação, com medo de mostrar demais, ou de ser ferido outra vez? 'Românticos Anônimos' fala sobre isso, mas com doçura.
E, claro, as atuações são impecáveis. Han Hyo-joo está encantadora como sempre, e Shun Oguri entrega mais um papel marcante para sua carreira, embora não tão conhecida no Brasil. Juntos, eles têm uma química diferente e que foi o carimbo de aprovação da junção entre Coreia do Sul e Japão.
O que mais me encantou em 'Românticos Anônimos' é a sua sensibilidade e bom-humor moderados. E ele tem uma coisa rara, que é o poder de nos tocar com pequenas coisas, especialmente quando estamos prestigiando, mesmo que na ficção, duas pessoas imperfeitas tentando ser gentis uma com a outra.
No final das contas, eu que nem gosto muito de doces saí da série com o coração quentinho e uma vontade imensa de comer chocolate. Então, se você procura um dorama leve, bonito e cheio de sentimento, dê uma chance a 'Românticos Anônimos'. É doce na medida certa, como aquele bombom que derrete na boca e deixa um gosto de quero mais.